Quando o feitiço vira contra o feiticeiro.
Os alemães são muito orgulhosos de sua consciência ambiental ( será a maior contribuição da Merdel, quer dizer, Merkel, na presidência da União Européia) e da sua cerveja. Diz-se até que os outros países do bloco (e os do não bloco também, mas que são ricos pra dedéu) morrem de inveja do preço da cerveja por aqui. Pois é, de todos os lugares pelos quais passei, só perde pra Praga. Mas aí também a concorrência é desleal...
Mas, ora vejam, como em um bom filme de faroeste, o país é pequeno demais e não há espaço pros dois orgulhos do povo (eles não andam comentando muito sobre seus carros porque eles são mais poluentes que os concorrentes franceses...). Um deles tem que morrer, isto é, os alemães terão que escolher entre o aquecimento global e o preço da cerveja.
O governo da amada primeira Chanceler Federal mulher resolveu subsidiar a produção de grãos uitilizados pra produção de biocombustíveis. E tem agricultores que estão virando a casaca e largando a cevada. Além de deixarem de ser protegidos por Hildegard von Bingen, a santa criadora da bebida deles de cada dia, esses caras vão contribuir para o aumento do preço da cerveja.
Uma catástrofe nacional. Pra se ter uma idéia, aqui existe um imposto sobre o valor agregado do produto que, em janeiro, cresceu de 16% sobre o valor para 19%. As cervejarias seguraram a onda, diminuiram seus lucros e não repassaram pro bolso do apreciador da cerveja. O problema é que, com essa medida, não vai mais dar pra segurar. A catástrofe vai fazer com que o alemão passe a gastar em torno de trinta centavos a mais para sua caneca de um litro de cerveja. E sim, o aumento foi capa de todos os jornais.
Há poucas semanas saiu uma pesquisa falando sobre o aumento de índices de alcoolismo entre jovens no país, o que deixou a "mãe" da pátria alemã assustadíssima. Por favor, né? Dá pra tomar três daquelas caneconas, que têm uma cerveja com teor alcoólico altíssimo e ainda assim, passa-se no teste do bafômetro.
Seria a moral cristã dando a desculpa de um combustível mais "amigo do meio ambiente" (umweltfreundlicher) para fazer com que os coitadinhos bebam menos?
O melhor de toda a história é a declaração de um dono de cervejaria: "O governo alemão precisa ser mais racional e não dar mais importância à segurança energética que à segurança alimentar". È. Na Alemanha, cerveja faz parte da cesta báscica. E ai de quem diga que não.