domingo, julho 22, 2007

Idiomas

Melodramas só deveriam ser escritos em espanhol ou italiano

Romances, em francês

O drama e os épicos, em inglês

Em português, os romances de cavalaria

Em alemão, a técnica e a filosofia

Mas ninguém bate a poesia. Ela fica com todos, sem exceção

domingo, julho 15, 2007

Relações mudernas não são acentuadas.

ele:
estou apaixonado

ela:
(tempo)
ai, desculpa, tive que ateder o telefone.que bom, que noticia boa.

ele:
ela e o maximo

ela:
tenho certeza que e, se voce esta apaixonado assim, a ponto de sair contando por ai.

ele:
nao estou contando por ai, estou contando pra voce

ela:
nossa, estou lisonjeada.

ele:
nao gostou de eu te contar?

ela:
ta doido? imagina. adorei que voce quis contar pra mim. a moça ja sabe da paixao arrasadora?

ele:
nao. vai saber hoje, vamos no jobi. mas acho que desconfia

ela:
(tempo prolongado. o que dizer? o que dizer? muda de assunto, muda de assunto)
mas voce vai contar e vai embora? voce nao entra as oito amanha?

ele:
vamos nos encontrar as seis, assim que ela sair do trabalho, tenho tempo pra muita cerveja...

ela:
(hoje eu tambem saio cedo, cinco e meia...ele colocou reticencias... ta, ele quer um comentario)
aposto que ela tem certeza e so esta esperando voce dizer.

ele:
tomara, seria mais facil assim

ela:
e se ela nao estiver?
(isso, faz ele pensar melhor antes de dizer)

ele:
ai nao sei. mas ela precisa saber disso.

ela:
e, precisa.
(engole o maior dos sapos da vida. quem mandou virar amiga? quem mandou?)

ele:
acho que voce sabe quem e. de repente ate conhece.

ela:
sei?

ele:
acho que sim.

ela:
qual o nome?
(depois eu digo que a internet caiu e pronto. nao quero nem saber quem e a dita cuja pra nao ter que trucidar ninguem em praça publica).

ela saiu da conversa. clique aqui para mandar uma mensagem por email

segunda-feira, julho 09, 2007

Três semanas

Bicicletas, festas, presentes, imaginações, lembranças do que ainda viverei. Não deu tempo, não dá tempo, nunca vai existir tempo suficiente. Taquicardias, faltas de ar, precisando de concentração, tudoaomesmotempoagora.

Odeio digitar espaços, eles ficam longe das letras, os alemães usam menos espaço. Os brasileiros amam mais, falam mais. Os alemães pensam mais, os alemães pensam demais.

Tour de france (??? - Ah, sim, as bicletas), Suíça, Itália, Grécia... ai. Fica pra outra vez. Não sei se quero outra vez. Medo de ver as inevitáveis caras tristes. Louca pra curar tristezas com um abraço e pronto. Quero saber de amanhã, não quero saber de oceano. Quero Dezembro e Carnaval. Nunca achei que fosse querer isso.




Quero tomar um café da manhã gostoso e não bonito, andar de bicleta e não dirigir uma roda, dizer "até mais" e não "até depois". Não quero mais procurar verbos no fim da frase. Mas quero que o medo da noite continue sendo só o medo do barulho da corrente, quero poder brincar de lego com as palavras e montar um vocabulário próprio e certo, respirar com calma e saber exatamente o que vai acontecer em cinco minutos. Porque sim, eles sabem o que vai acontecer em cinco minutos.

Não quero mais despedidas, não quero contar pra ninguém.

terça-feira, julho 03, 2007

Previsões

De quarta a domingo, a região da Costa Verde, entre Rio de Janeiro e São Paulo, terá nuvens carregadas e pancadas de chuva forte ao longo do dia. Os meteorologistas não sabem explicar o fenômeno, mas as adversidades no clima parecem ter secado os alambiques. "Estamos preocupados com as vendas, é uma semana importante para a região", disse Maria Izabel, alambiqueira da região.
As mudanças climáticas abruptas causaram dores de garganta e perda de voz em grandes nomes como Bárbara Heliodora, Jim Dodge, Mário Bortolotto e Edurado Tolentino - todos pretendiam participar de mesas de discussões da Festa Literária Internacional de Paraty. A cantora Thalma de Freitas e o ex- Los Hermanos Rodrigo Amarante, também sofrem do problema e Max Sette, trompetista, está com problemas respiratórios, o que o fez cancelar sua participação no show de abertura da Festa.
Os moradores e visitantes da região planejam uma manifestação. Todos, a partir da próxima quarta-feira até o final da semana, se vestirão de preto. Um luto conjunto contra o aquecimento global, explicação mais provável para o fenômeno. Os motoristas devem evitar a BR 101.
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Quem mandou fazer uma Flip sem mim? Já não bastava o Carnaval?

domingo, julho 01, 2007

Bolinhos de chuva

Dona Benta fazia lá no sítio, o do picapau amarelo. Lá onde uma menina nariguda tinha boneca de pano inteligente que namorava um rinoceronte de rabo enrolado.
O bolinho de chuva é um doce gostoso, um bolinho fritinho, muito bom de comer em dia de chuva. O do Monteiro Lobato.

Depois de um tempo, ouvindo falar dos quitutes da Dona Benta, comecei a imaginar um bolinho feito de chuva. Durante o preparo, ele ficaria com cheirinho de chuva. Teria os sabores chuva no interior e chuva na praia. Dois cheiros diferentes: um de terra, o outro daquele cheirinho de praia, de mar, que em dias quentes deixam a praia de Ipanema mais cheirosa. Ai, que delícia. Um, o bolinho que a gente come e se sente embaixo do cobertor, o outro que dá a sensação de tomar chuva no fim de uma tarde quente, no meio do verão.

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Chove faz alguns dias por aqui. Mas não tem as aventuras da Emília na estante. E bolinhos de chuva, muito menos. Morangos na janela, isso tem.

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Certas invenções literárias são maldosas. Acho as comestíveis as principais crueldades dos autores com as pobres criancinhas. Elas têm uma imaginação fértil, muito fértil. Lêem a palavra e lá vem uma imagem na cabecinha delas. Imagem, gosto, cheiro. Os pastéis de vento e os bolinhos de chuva torturaram minha infância.

Os pastéis de vento porque, bem... Lá ia a menininha pedir que sua mãe fizesse pastéis de vento, como os do Pluft. A mãe, coitada, não querendo decepcionar, fritava massa de pastel sem nada dentro. Lá ia a menina, toda animada, comer. Mastigava e descobria que os de queijo eram bem melhores. Mas não desistia de toda a delícia que os atoresdo Tablado, malditos, tinham encenado, e achava que era a mãe, coitada, que não sabia cozinhar.

E os bolinhos de chuva???? Eles não eram nada além de um mini-sonho sem recheio. Onde já se viu sonho sem recheio? E bolinho de chuva que não tem gosto de chuva? Mais uma vez, a mãe, coitada, não chegava aos pés da dona Benta.

A criança, grande vítima, é torturada e decepcionada pelos adjetivos que descrevem as maravilhas da culinária da literatura infantil. Um dia, no triste momento em que ela perde as esperanças, descobre que bolinhos de chuva e pastéis de vento eram só literatura. E, vilã, passa a dizer pras outras crianças que essas são as coisas mais gostosas que ela já experimentou na vida. Talvez tenham o gosto da imaginação, que vai, aos poucos, perdendo os sentidos.