quarta-feira, novembro 11, 2009

Mulherzinha contemporânea à luz de velas

A MC ficou tranquila na hora do apagão. O laptop tinha 7 horas de independência e a internet ela usava do celular. Mas o abraço, no escuro, à luz de uma só vela, ganhou.

SShhhh

O apagão de ontem fez voltar o silêncio. Esse que todo mundo acha que encontra em bairros mais tranquilos. Era silêncio absoluto: nenhum motor de geladeira, ar condicionado, ventilador ou coisa que o valha funcionando; pessoas falando baixinho. Era como se a falta de luz, as lanternas e as velas que iluminavam o estritamente necessário apertassem o botão de diminuir o volume das vozes, de deixar mais lento o ritmo das falas.

De repente, passado o susto, parecia mais importante entender intervalos de respiração, tons de fala, pesos de passos, intensidade de toques. Como era mais importante do que o quê, porque a falta de luz deu espaço para a entrelinha, para o não-dito, para o colo do "nada a fazer". E o que é mais importante que isso mesmo?

Deu foi uma saudade imensa do silêncio. Um que não existe mais nem nas noites de sono mais profundo. O silêncio que se escuta e dá calma, sensação de plenitude até. Deu vontade de ter a terceira insônia seguida, pra ouvir o silêncio, pra impedir que os barulhos ensurdecedores da madrugada, o volume máximo dos amplificadores do sonho viesse atormentar mais uma noite de não descanso.