Sabia que a urgência de se libertar dos olhares ininterruptos da família não era algo que acometia todos os seres humanos. Ainda assim, no fundo, tinha certeza de que existia uma razão para as pessoas saírem da casa dos pais quando os relacionamentos ficassem sérios. Não por nada, mas nem que o motivo fosse poupar a família da intimidade indesejada de saber que um ser que deveria ser tímido _e nunca é_, naquele exato minuto, corta as unhas do pé NO SEU BANHEIRO.
- E a MC, hein?
- Nunca mais ouvi falar, sumiu...
Choro. Soluço
- O que houve? O que eu disse? Você brigaram?
- Ah, ela não suportou o barulho do cortador de unhas do pé do cunhado
Choro. Soluço
quarta-feira, novembro 11, 2009
Mulherzinha contemporânea à luz de velas
A MC ficou tranquila na hora do apagão. O laptop tinha 7 horas de independência e a internet ela usava do celular. Mas o abraço, no escuro, à luz de uma só vela, ganhou.
SShhhh
O apagão de ontem fez voltar o silêncio. Esse que todo mundo acha que encontra em bairros mais tranquilos. Era silêncio absoluto: nenhum motor de geladeira, ar condicionado, ventilador ou coisa que o valha funcionando; pessoas falando baixinho. Era como se a falta de luz, as lanternas e as velas que iluminavam o estritamente necessário apertassem o botão de diminuir o volume das vozes, de deixar mais lento o ritmo das falas.
De repente, passado o susto, parecia mais importante entender intervalos de respiração, tons de fala, pesos de passos, intensidade de toques. Como era mais importante do que o quê, porque a falta de luz deu espaço para a entrelinha, para o não-dito, para o colo do "nada a fazer". E o que é mais importante que isso mesmo?
Deu foi uma saudade imensa do silêncio. Um que não existe mais nem nas noites de sono mais profundo. O silêncio que se escuta e dá calma, sensação de plenitude até. Deu vontade de ter a terceira insônia seguida, pra ouvir o silêncio, pra impedir que os barulhos ensurdecedores da madrugada, o volume máximo dos amplificadores do sonho viesse atormentar mais uma noite de não descanso.
A MC ficou tranquila na hora do apagão. O laptop tinha 7 horas de independência e a internet ela usava do celular. Mas o abraço, no escuro, à luz de uma só vela, ganhou.
SShhhh
O apagão de ontem fez voltar o silêncio. Esse que todo mundo acha que encontra em bairros mais tranquilos. Era silêncio absoluto: nenhum motor de geladeira, ar condicionado, ventilador ou coisa que o valha funcionando; pessoas falando baixinho. Era como se a falta de luz, as lanternas e as velas que iluminavam o estritamente necessário apertassem o botão de diminuir o volume das vozes, de deixar mais lento o ritmo das falas.
De repente, passado o susto, parecia mais importante entender intervalos de respiração, tons de fala, pesos de passos, intensidade de toques. Como era mais importante do que o quê, porque a falta de luz deu espaço para a entrelinha, para o não-dito, para o colo do "nada a fazer". E o que é mais importante que isso mesmo?
Deu foi uma saudade imensa do silêncio. Um que não existe mais nem nas noites de sono mais profundo. O silêncio que se escuta e dá calma, sensação de plenitude até. Deu vontade de ter a terceira insônia seguida, pra ouvir o silêncio, pra impedir que os barulhos ensurdecedores da madrugada, o volume máximo dos amplificadores do sonho viesse atormentar mais uma noite de não descanso.
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