sábado, maio 17, 2008

Mulherzinha Contemporânea – Algum possível leitor lembra a contagem?

A MC resolveu: metade da caixinha do casamento (que coisa mais antiga!) vai pra investimentos na bolsa. A outra metade para fundos de renda fixa, mais seguros. Vai que aparece o sapo-príncipe?

Direto do front

Noite silenciosa e quase ninguém na sala. Só o que se ouvia era o barulho dos teclados, tico-ticos incessantes, que não se transformariam em nada interessante.

Balança. Pára. Balança de novo.

- Gente, que isso, terremoto?

- “Magina”, deve ser a tal capoeira, esse prédio é tão velho, que eu não duvido que trema com uma roda mais animada.

Mais tico-tico, balança de novo. O site mostra uma tarja preta: era terremoto.

Foi sentido no quinto andar, não é normal. Terremoto no Brasil não é normal, capoeira é.

Poucos dias depois, ciclone em outro estado.

Não deu outra: o risco Brasil diminuiu, o homem mais rico do mundo declara ser um erro não pensar no Brasil quando se trata de investimentos.

Ninguém me tira isso da cabeça: para ser uma economia forte, estável, com fundo soberano (cof, cof, cof, cof) e políticas industriais milagreiras [falta de ar], é preciso se submeter às catástrofes naturais. Sem terremotos, ciclones, tufões, tsunamis, nevascas [precisamos arrumar um vulcão, rápido], jamais chegaremos ao patamar econômico e social com que tanto sonhamos.

O Lula devia ficar conhecido como o presidente que trouxe o terremoto ao Brasil.

Mulherzinha Contemporânea não-sei-mais-que-número

A MC é cidadã do mundo, isto é, pode morar em qualquer lugar. Desde que tenha água quente, travesseiros de pena de ganso, internet, celular, uma boa farmácia com boa variedade de cosméticos e um bom cabeleireiro. Sem isso é demais.

***

Sair da cidade e continuar perto dela cria uma relação bipolar com as origens.

Uma hora acha-se estar no caminho certo, que a vida precisa sempre tomar novos rumos. Na outra, catapum!, bate a sensação “o que eu estou fazendo aqui?”.

O Rio de Janeiro, por exemplo, que cidade sedutora, cheia de curvas, sorrisos, sol que esquenta e gente de fala mansa. Criancinhas correndo e aprendendo a andar de bicicleta no parque dos patins aguçam o mais parco dos instintos maternais, a Lapa engarrafada enche os corações solteiros de esperanças, o baixo Leblon aberto por toda a madrugada faz qualquer um se sentir dono da cidade.

Daí que a pessoa sai do Rio. E vai ao cinema sem encontrar uma alma conhecida, toma um café sem precisar abaixar a cabeça para não ter que falar com “aquele” mala, não consegue escolher que peça de teatro ver de tantas opções, e sente frio na barriga de olhar um mapa e não fazer idéia do que a espera do outro lado do aeroporto central.

De repente, catapum de novo, promoção de companhia aérea. Compulsão por compra de passagens e o avião chega e te coloca de cara com o pão de açúcar. E sim, o pão de açúcar entrava no seu campus universitário. Literalmente. Lágrimas nos olhos, amigos que podem sorrir e gargalhar, porque ser feliz não é vergonha nem sinônimo de que se está trabalhando pouco.

Mais de três dias e chega. Porque o Rio de Janeiro tem que ser a melhor cidade do mundo e querer sair dele é quase uma heresia. Difícil é estar numa cidade em que os pensamentos sobre ela são mais do que amorfos, em que se julga qualquer tipo de atitude que os desvie e que, ironia ou não, em plena era da globalização, não achar que se vai morar em um mesmo lugar pra sempre é crime inafiançável contra a pátria – a carioca, claro.

-Ahn? Você morava no Arpoador? E você saiu de lá por que mesmo, hein?

Mas aí faz sol e o tempo não esquenta. E o caminho exato pra qualquer lugar é uma decisão um pouco arriscada. E acordar vendo o mar faz falta.