Mulherzinha Contemporânea IX
É novembro e a MC fez uma planilha de afazeres, devidamente salva em seu Palmtop, que em breve será trocado por um blackberry. Por causa da loucura, só vai à manicure duas vezes, cabeleireiro só em dezembro, a corrida diminuiu de três para duas vezes na semana, de 50 para 30 minutos. Mas não abre mão do pilates - tudo tem limite.
Fevereiro já!
Novembro é muito mais que um mês. É um estado, uma forma única e inigualável de perceber o mundo e a vida. De repente, olha-se o calendário para, ingenuamente, tentar marcar aquele almocinho, com aquele camarada a quem já se deve um encontro pra colocar o papo em dia há muito tempo. Num susto novembresco, você repara que a sua lista de afazeres nos próximos 30 dias preencheria facilmente dois anos se pudesse ser cumprida em tempo ideal. O problema é que depois do dia 30, benzinho, só em fevereiro. Colocar papo em dia é coisa de julho, agosto, nos dias mais curtos do ano, calma é palavra proibida, número 1 do Index.
O maior desafio da ordem mundial e da compensação universal não é erradicar a miséria do mundo – isso todo mundo já previu. Quero ver alguém acreditar que um dia, em novembro, será possível ir à pé, porque não há pressa.
Até lá, encontros marcados ou casuais em novembro, que não tenham sido agendados com 45 dias de antecedência e não tenham hora definida de início e fim, ficam no limbo do “vamos marcar!”. E a resposta para o corriqueiro “Como vai?” será “Novembro. E você? Março?”
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Mais sobre novembro nos arquivos aqui do AN.