De herança, uma bicicleta.
Se conheciam há muito, mas sem a intimidade dos últimos tempos. Tinham uma história construída, com alguns (poucos) pontos convergentes. A história conjunta estava, na verdade, começando a se definir. Gostos nem tão parecidos assim, mas que se completavam. A proximidade e alguns planos. Era o que criava todo esse companheirismo. E, claro, a compreensão, as angústias, os sonhos, as alegrias: muito parecidos. As coisas pequenas, efêmeras e gostosas. Os cafés da madrugada, os queijos, o Roberto.
Foi-se. Nem uma última olhada pra trás depois do longo abraço. De herança ficou uma bicicleta, usada pra manter vivo o desejo das coisas pequenas, bonitas e gostosas. Ficou tudo bem, sempre fica.